Museu do Pico

Exposição de pintura "A Arte que vem do chão" de Cidália Fernandes no Museu do Pico

Está patente ao público, no Museu dos Baleeiros, nas Lajes do Pico, a exposição de pintura em pedra "A Arte que vem do chão", da picoense Cidália Fernandes.

Com esta exposição, inaugurada no passado dia 4 de maio, e que poderá ser vista até ao dia 2 de setembro, o Museu quer dar a conhecer a obra desta artista, natural de São Roque do Pico e residente na Madalena, uma autodidata que “em jovem sonhava tirar o curso de Belas Artes, visto ter algum jeito para o desenho, mas os meus pais não tiveram condições económicas para me poderem realizar esse sonho, que ficou por concretizar.”

Mais tarde, e “após a reforma, e porque lá está, ainda havia a tal vontade de experimentar a pintura, comecei a frequentar o Centro de Formação Artística da Câmara Municipal da Madalena do Pico, na época, com a vertente da pintura”, conta-nos Cidália Fernandes.

Transcrevem-se, na íntegra, as palavras de Manuel Costa Júnior, diretor do Museu do Pico, sobre os trabalhos de Cidália Fernandes:

(…) Mas se a um homem lhe der para amar/uma pedra/não seja uma pedra e mais nada/mas uma pedra amada por um homem/Ame o homem a pedra/e pronto (Emanuel Felix)

“O trabalho de Cidália Fernandes nasce de uma relação singular entre a Terra, o Mar e o Homem. A Natureza é, aqui, o lastro onde se baldeia a imaginação. É a pedra que alimenta o desejo e conduz a mão. Modernidade rupestre que mergulha nas fundações da Humanidade. Paixão empírica, instintiva, ingénua, descritiva e figurativa, fecundada na seiva do tempo. Uma espécie de magia que permite transformar o basalto em expressão artística.

Cidália Fernandes extrai do corpo da ilha a matéria prima onde desenha e pinta. Busca no chão o alimento para a sua sede de criação. Portanto, não é possível compreender o seu trabalho, se não formos capazes de entender a natureza deste “chão”. De pensar as pedras. De lhes radiografar o corpo e a alma.

Descendentes dos antigos vulcões, do colapso das arribas, da erosão, e da eterna e violenta batalha entre a terra e o mar, as pedras primordiais, e brutas, foram-se arredondando, ovalizando, tornando-se coisas lisas e mansas. Pedra da costa, calhau rolado (grado e miúdo), seixos rolados, filhos do magna e da lava milenar. Basalto que o tempo e o mar foram pacientemente esculpindo.

É sobre esta carne e este sangue geológicos da ilha que Cidália Fernandes talha a sua arte. E do cerne do chão, as pedras e as mãos fundem-se num abraço medular. Gesto sagrado. Litúrgico.

Muito obrigado Cidália Fernandes!

Abraçamo-la, com profunda admiração e reconhecimento.”

A estas palavras juntam-se as de Cidália Fernandes, que diz sobre a sua obra: “Pinto com amor. Não vendo trabalhos. São meus. Simplesmente dou a conhecer esta arte, que poderá servir de incentivo para outras pessoas.”

Local
Galeria de Exposições Temporárias do Museu dos Baleeiros
Data Inicial
2018-05-04
Data Final
2018-07-29
Hora Inicial
21:30
Hora Final
17:30
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